domingo, janeiro 25, 2009

O Que se Lê (parte II)

A minha relação com os livros é no mínimo estranha. Digo sempre que são eles que me escolhem. Ou então, sou eu que penso dessa forma para tentar desculpar o meu vício compulsivo de comprar livros e mais livros. Mais uma vez, fui escolhida por um Livro. Não existe uma forma repetida de ser escolhida por eles. Pode-se dar o acaso de eu estar a passar por um pilha de 150 livros, e no meio dessa pilha ele estar lá, ou então no molhe de livros que ninguém quer e ele está lá. Eu ir a passar, e ele cair da prateleira, eu ir pagar e alguém deixar um livro que não quer... e às vezes sou guiada num transe espiritual (sim, é quase um fenómeno transcendental) para O livro. O factor comum, é o facto do livro sobressair pela aura luminosa que o envolve e que me chama até ele.

Essa é a minha teoria científica explicativa para a minha compra de livros compulsiva.

Posto isso, ontem estava um livro à minha espera. Entre os cereais, os iogurtes, tomates, verduras, o pão e o queijo, eis que surge, como que por magia, uma pilha de livros para venda a menos de 5 euros. Os meus olhos brilharam, toda eu estremeci, pego no meu carrinho de compras, as compras saltam carro fora e atropelo-me para lá chegar...

"Lançar o Elefante - Zen e a arte de ter o chefe na mão" (nunca deixe o seu chefe ler este livro). De Stanley Bing, Colecção Guru, Editora Lua de Papel.

Pérolas, verdadeiras pérolas de sabedoria estão descritas neste livro. Para quem tem problemas, no seu local de trabalho, em particular com o seu patrão (leia-se elefante) e está resolvido a mudar de vida este livro parece-me de leitura obrigatória. Vou só deixar um cheirinho:

"Factos sobre os elefantes

- o elfante está habituado a conseguir o que quer. Quando não consegue, faz uma data de barulho e ameaça o bem -estar dos seus tratadores e dos seus elefantes pares.
- o elefante joga pelas regras que ele mesmo concebeu. Muitas vezes, essas regras não fazem sentido para mais ninguém a não ser para ele próprio, e não há nenhuma razão para as aseguir, a não ser porque o elefante nos magoa se não as seguirmos.
- o elefante destesta ficar sem fazer nada, a não ser que chame a essa ocorrência uma reunião.
(..)
"As quatro (ou cinco) grandes verdades:
Verdade nº1: Trabalho é sofrimento. A capacidade de mandar nos outros destrói toda a decência humana. Os testemunhos dizem que não era nada fácil trabalhar para Ghandi, apesar da sua boa imagem noutras áreas. Não há maneira de controlar isso. Os patrões são péssimos. Resolva isso na sua cabeça.
(.....)
Verdade 5: não existe a verdade número 5."

Depois desta introdução o livro delicia-nos com uma série de técnicas zen para lidar com o elefante e, quem sabe chegar mesmo a lançar o elefante.

Escrita absolutamente irónica, com um humor verdadeiramente inteligente, provocante e pedagógico. Vou continuar a ler, até já!!

6 comentários:

Lita disse...

LOL
Parece ser, de facto,muito bom!
Eu tenho a mesma relação co-dependente com os livros. E quando é fantasia... looool, isto dava um post. Tenho crises de ansiedade quando está a acabar e ainda n tenho o próximo volume em casa. Já me aconteceu vestir-me a ir para um centro comercial às tantas da noite, só porque ia acabar aquele livro nessa noite! LOL
Crazy people!!!!

Neptuna disse...

:) como te percebo!! eu entro num estado de ansiedade verdadeiramente estranho:
- ansiedade porque estou quase a acabar o livro, e quero saber o desenlace quanto antes;
- ansiedade porque não tenho mais outro livro para dar continuidade!!

Enlouquecedor... é o que é! yeah.. crazy people!!!

Hecton P.Domingos disse...

Ultimamente tenho usado um chavão "comprar ou não comprar?"...eu sempre compro mais livros do que meu tempo me dispões, as vezes paro em frente a minha escrivaninha, reparo as pilhas de livros na minha área de trabalho, que estão encostados com os de publicações cientificas, que estão encostados nos de Literatura e contos e segue as "fileirinhas"..e paro e penso...nossa! Eu gostaria de re-ler tudo isso, aliais, ler os que comprei e não tive tempo para degustar....isso quando não presenteio meus livros que nem saíram da “capinha” para alguém que o mereça.

...ah..gostaria de ter mais tempo pra isso....quem sabe nas férias dedique mais a esse hábito extraordinária que nos engrandece tanto.

Ótimo post.

Um Forte Abraço

Neptuna disse...

É bem verdade Hecton, subscrevo o que escreveste! sofro do mesmo que tu! olho para os livros precisamente dessa forma, como eu gostaria de ter mais tempo para "degusta-los" de outra forma! ler é definitivamente um prazer enorme..! e que nos enriquece muito!

Um abraço apertado!

beijinhos

Hélio disse...

Belas e verdadeiras frases!!! Mas adoro o pormenor de seres tu escolhida pelo livro... eu tenho uma sensação parecida, tipo um "piscar de capa"...
Beijinho!

Neptuna disse...

LOL!!
ora aí está um belo termo: piscar de capa!!!

bem colocado sim senhor!!

beijinhos!