Tudo passa, dizem.
Mas e tudo o que fica? Pergunto.
Porque não dizer: “vai ficar muita coisa, muita coisa, que possivelmente te irá acompanhar até ao último suspiro.”
É possível que muita coisa passe. A outras tantas coisas, possivelmente, acabamos por fechar os olhos para não as ver passar e para não as deixar abrir outras memórias.
Será que essas memórias não ficam guardadas por escalas de cor, das mais coloridas às menos divertidas?
É memória de música que foi tocada e que ainda toca e se propaga no espaço-tempo. Não passa.
Tudo numa caixinha de madeira que acumula o bilhete rasgado da primeira ida ao cinema, onde se acomoda o papel improvisado na mesa de café para escrever ‘Amo-te’, onde se prende a imagem, o cheiro e o sentimento do teu corpo nu colado ao meu.
É memória de cheiro, memória de amor, memória de ternura, memória de sentir...
É uma caixa de madeira que me acompanha e que de quando em quando abro para lembrar-me que sou capaz de amar com a intensidade de uma tempestade, a serenidade de um pôr-do-sol e a magia de quem descobre o amor pela primeira vez.
4 comentários:
Ai.... porque é que tens de escrever essas coisas que me apertam o peito como se as palavras tivessem saído de mim????
Agora a sério... demasiado lindo para comentar seja o que for. Demasiado verdadeiro.
.. e porque não fui eu capaz de comentar o teu último post?...
por tudo isso que escreveste acima.
obrigada,
um beijinho!
pois nao passa, dilui-se
tal como a pequena gota de chuva que cai
no leito do grande Rio...
ela nao passa...
ela dilui-se...
O aqui e o agora concentram o absoluto de forma assombrosa e precisa.
o absoluto,
de tudo o que conseguimos ser...
nos tempos, espaços, planos, dimensões, sonhos, desejos e ilusões...
a cada passo somamos e somos, a soma de tudo isso...
nao passa,
fica,
e dilui-se no todo...
Sim, não passa.. fica num lugar qualquer de nós. obrigada pelo comentário!
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