terça-feira, agosto 12, 2008

Viajante


(Foto de Miguel Montes)

Seguia em frente.

Tal qual o Louco, que leva consigo uma sacola, cheia de tudo o que pode existir no mundo.

Não olhava para trás. Não porque não quisesse ver os caminhos por onde tinha passado. Simplesmente não queria viver mais aqueles trilhos. Foram passagens, pensava.

Agora, só queria experimentar outros percursos. Por isso, seguia em frente.

Chegou a um tal ponto da sua caminhada, que já nem sabia qual o significado da palavra medo. Hoje, personificava a Coragem.

Curiosamente nem se dava conta desse seu feito, dessa sua conquista. Aquela conquista que se quer do pé para a mão, mas que só se consegue caminhando.

Era feliz, tinha descoberto sem querer o significado da sua vida, mas ainda não o sabia de forma consciente… por isso continuava a andar, porque intuitivamente sabia por ir. Era essa a ligação que procurava sem saber.

Hoje, finalmente estava consigo.

segunda-feira, agosto 04, 2008

A Menina que Apanhava a Chuva


(foto de Salih Guler)

Era uma vez uma menina, uma menina assim como eu ou como tu.

Ela acreditava que as nuvens carregavam sonhos, daqueles que caem em gotas de chuva. Essas gotas de sonho ficavam espalhadas por todos aqueles que tinham a coragem de entrar na tempestade.

O truque era saber apanhar as gotas que faziam parte do mesmo sonho. Por isso, andava à procura da água que fazia parte da vida que ela queria materializar. Porque era só disso que ela precisava para ser feliz.

Toda as pessoas pensavam que ela era maluca. Era conhecida por aquelas bandas como a menina que apanhava a chuva.

Mal sabiam eles o que era maluquice!, pensava ela. E ria, ria porque podia rir com a vontade que só ela sabia sentir.