sexta-feira, maio 04, 2007

Intermitências

Falemos.

E continuemos a falar. E mais ainda, falemos.

No outro dia, parece que nasceu um mim uma outra pessoa. Não foi assim, de um momento para o outro. Ela andava a tentar crescer para poder ter forma cá forma. Andava à procura de uma forma nova para mim. Fui construindo. Diariamente. Lentamente. Andava ansiosa para ver como seria. Não fazia ideia de como poderia ser, sabia e afirmava que teria que ser decidida. Tinha que ser assertiva, tinha que ter acesso ao poder interior e usá-lo com clareza e objectividade. Sabia que tinha de ser uma mulher.

Senti-me assim.

Não importa o faça, desde que o faça com amor. Interiorizei. É um caminho para me levar ao algum lado. E eu sei qual é. Focalizei.

E ando intermitente.

Quanto mais próximas são as relações, com maior intensidade nos projectamos e estamos nelas. Ontem ia morrendo de susto. Mas eu sabia que estava para acontecer. Afinal, nós no fundo sabemos tudo. Ou então não sabemos, e quando usamos essa expressão... usamo-la simplesmente para colmatar uma falha interior muito grande: a de não sabermos nada. E temos que nos centrar nas evidências. E é aí que nos sentímos culpados, doentes.... ah, e já referi culpados?

A minha mãe está em processo há algum tempo. E agora? Agora é o culminar de tudo aquilo que foi sendo acumulado durante anos e anos de tristeza.

E eu?

Eu agora só me consigo adjectivar de péssima para baixo.

Eu sou a psicóloga clínica que nem filha consegue ser.

Afinal, não nasceu a nova forma em mim. Foi um vislumbre daquilo que poderia ser.

2 comentários:

Lita disse...

parece-me que já nasceu... melhor, habita aí, nas sombras, sorrindo para o medo que a impede de se mostrar.

Mas sorri... sabendo que uma só brecha de luz tem o poder de iluminar a maior escuridão!!!!

Beijos

Neptuna disse...

:)