Era uma relação. Daquelas como há muitas. Particular, nos seus particulares. Doente, morta de espaço, morta de tédio. Um ausente, três ausente. Só haviam dois manifestamente afastados. Não havia nada. Aliás, havia apego. Necessidade de pai, necessidade de mãe.
Era uma relação. Havia cobrança de uma felicidade prometida no futuro. Não tinham presente que não tinham o presente. Como areia fina que escorrega por entre as mãos, o tempo passava e com ele a infelicidade acumulava-se na contagem dos dias empacotados em caixotes.
Era uma relação. Daquelas com álbuns cheios de fotos, com menos amigos e com muitos familiares que não lhes pertenciam no sangue. Com amargura, terror, medo de perder o que se conhecia. Ao menos ali reconhecia-se o cheiro, a cor e a textura. Não era bem o conforto, porque conforto era não estar perto do outro. Conforto era sonhar. Sonhar e esconder.
Era uma relação. Daquelas em tudo parecia estar bem. Em que se alimentava a ilusão e a aparência. Daquelas em que se falava para ser ouvido, mas o outro era surdo e por isso não conseguia ver.
Era uma vez uma relação.